Tomás de Aquino e o problema aristotélico da chuva, do trigo e dos dentes (Physica II, 8)
Resumo
Aristóteles examina, em Physica II, 8, o famoso problema da chuva e conclui que ele não pode ser usado contra a concepção de ação para um fim no mundo natural. Aristóteles argumenta que, para uma investigação bem sucedida do mundo natural orgânico, todas as quatro causas devem ser consideradas quando se busca a explicação de um fenômeno, embora ele reconheça o primado neste processo da causa final e da formal sobre a causa eficiente e a material. Considerando a formação de dentes afiados na frente e de molares largos na parte de trás da boca, Aristóteles não rejeita a idéia de que os dentes crescem desse modo tanto por necessidade material (causa material) quanto por acaso (causa eficiente). Tomás de Aquino, em seu comentário sobre Physica II, 8 aceita todas as afirmações de Aristóteles, mas defende que a chuva também pode ser vista como ordenada para um fim, se considerado todo o processo de evaporação e precipitação ligado ao processo de geração e corrupção de coisas complexas. Charles Darwin afirma, na 4ª edição de A Origem dos Espécies, depois de se referir à apresentação de Aristóteles do problema da chuva e do problema dos dentes em Physica II, 8, que ele podia ver nessas passagens sombras do princípio da seleção natural.