Para uma ontologia da matéria
Resumo
Parece ser necessária uma revisão na perspectiva tomista para o enfoque ontológico da matéria primeira, abandonando a tradicional visão atribuída ao tomismo de que esta última seria pura potência. Neste artigo procuraremos mostrar, com base em vários textos, que Tomás de Aquino não tinha tal conceito de absoluta potencialidade da matéria primeira, mas que defendia que esta, por ser um ente criado, tinha ser (esse) e natureza, não se estatuindo metafisicamente como um puro indeterminado. Se tal perspectiva é correta, pode ser proposto um modelo de representação algébrica dos aspectos quantitativos fundacionais da matéria primeira e vinculá-los a certas propriedades da matéria que a física contemporânea tem encontrado, especialmente no fenômeno da não-localidade quântica. Tal conexão entre atributos metafísicos da matéria primeira e sua representação algébrica corroboraria plenamente, sob um ponto de vista epistemológico, a nova perspectiva proposta.